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“As variáveis no NHL são infinitas”, diz Thiago Decano

Profissional conversou com exclusividade com a Card Player Brasil


 

28/07/2015 14:38
“As variáveis no NHL são infinitas”, diz Thiago Decano/CardPlayer.com.br
Thiago Decano conquistou o terceiro bracelete do Brasil na WSOP (foto Antonio Abrego/pokerphotoarchive.com)


A merecida consagração de Thiago Decano na WSOP ocorreu de forma incontestável. Em sua terceira mesa final na série, o brasileiro não deixou que os seus adversários sonhassem com o título do Evento 38: US$ 3.000 No-Limit Hold'em. Por ter superado 988 oponentes, ele recebeu US$ 546.843, cerca de R$ 1,6 milhão

Em bate-papo exclusivo com Marcelo Souza, editor da Card Player Brasil, Decano falou sobre a sua jornada no torneio e a constante evolução exigida pelo poker.Confira

Marcelo Souza: O que mudou na mesa final desta WSOP em relação às outras?

Thiago Decano: Desta vez, a pressão nas minhas costas era zero. Nas outras mesas finais, até por eu me cobrar muito, eu via aquilo como se fosse um oportunidade única, o que não é verdade. Se você é um grande jogador, você chegará outras dezenas de vezes em decisões. Apesar de saber que a expectativa da torcida era gigante, só me preocupei em fazer o meu melhor. Para você ter noção, em nenhum momento, olhei a premiação. Eu não tinha ideia de quanto iria pagar o 3º, 4º ou 5º. Meu foco era apenas o bracelete. O que prova o que estou dizendo é que quando estávamos 3-handed, o Sotirios Koutoupas, com menos fichas, foi all-in contra o Jesse Sylvia e eu torci para ele ganhar. Normalmente, isso não tem a menor lógica, mas como meu foco era tão grande em cima do bracelete, sabendo que o grego tinha um pós-flop menos apurado do que o do Sylvia, eu preferia ir para o heads-up contra o Koutoupas.

MS: Os brasileiros brilharam em Vegas neste ano. Muitos dos grandes resultados vieram de alunos seus. Fábio Freitas e Fernando Konishi, por exemplo, estiveram perto de braceletes. Tem fórmula mágica neste coaching?

TD: Bom, quando veio a ideia de dar coaching, isso começou porque apareceu uma demanda muito grande. Mas para que a ideia saísse do papel, eram necessárias duas coisas: ser financeiramente vantajoso para mim e o produto teria que dar resultado. Eu até brinco que eu cobro até barato, porque se o aluno for um cara inteligente e dedicado, não tem como o cara não se tornar um jogador lucrativo. Eu me preocupo que o aluno pense o jogo, então, não, não existe fórmula mágica. Ao final do coaching, eles acabam entendendo como funciona realmente o poker.

MS: A capa da nossa edição de abril foi sobre o Game Theory Optimal (GTO), a busca por um poker inexplorável. No Brasil, fala-se pouco sobre o assunto, mas sabemos que grandes nomes do poker mundial estudam isso a fundo, caras como Ben Sulsky, Stephen Chidwick e Mike Watson. Você acha que é possível ter uma estratégia inexplorável?

TD: O grande mérito do GTO é fazer com que você evolua. Vejo vários jogadores buscarem uma solução matemática para um jogo que é completamente subjetivo. Recentemente, a Maridu falou que alguns jogadores de topo estavam estudando uma maneira de resolver o pot-limit Omaha. Como sou um cara que não masterizou o Omaha, não posso falar com a propriedade, mas vi que dentro do no-limit hold’em (NLH), há gente nessa linha. Eu não acredito. As variáveis no NHL são infinitas. Falam sobre robôs dominando humanos em breve. Bem, eu brinco que é mais fácil fazer com que o um ser humano faça o robô errar. O poker é tão rico que você pode fazer diversas jogadas e mudanças de padrão para enganar até mesmo uma máquina. Para mim, o melhor caminho é aprender com cada tipo de jogador. Hoje, o padrão é abrir raise de 2,2 vezes o big blind, mas já foi de três, amanhã pode ser de cinco ou seis. O João Simão, que é um cara que eu discuto muito do jogo, há pouco tempo me falou sobre um torneio caro, com muitos caras bons, que ele simplesmente entrava de limp em 90% das mãos, segurando A-A ou 10-J. Ele deixou os caras perdidos e cravou o torneio. Mesmo os ótimos jogadores, quando você os tira da zona de conforto, eles se perdem. Então, essa é chave. Pode até ser que em jogos limit, você consiga buscar a perfeição, mas no NLH, um jogo cíclico, não consigo ver isso.

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